O que é
O congelamento do tecido ovariano é um procedimento de preservação da fertilidade que envolve a remoção e armazenamento de fragmentos de tecido ovariano para uso futuro. Este tecido contém folículos que podem ser utilizados para restaurar a função ovariana e a fertilidade. Estudos científicos demonstram a eficácia e segurança desta técnica, com taxas de sucesso significativas em termos de restauração da função ovariana e nascimentos vivos após transplante.
Indicações
Como é feito
O processo de congelamento de tecido ovariano envolve várias etapas cuidadosamente planejadas para garantir a máxima segurança e eficácia do procedimento.
- Avaliação inicial: antes do procedimento, a paciente passa por uma avaliação completa da reserva ovariana, que inclui uma ultrassonografia para contar os folículos antrais e testes de hormônio antimülleriano (AMH) e folículo-estimulante (FSH). Essa avaliação ajuda a determinar a melhor abordagem e a quantidade de tecido ovariano disponível para preservação.
- Preparação para a cirurgia: uma vez concluída a avaliação, a paciente é preparada para a cirurgia. A laparoscopia, um procedimento minimamente invasivo, é geralmente utilizada para a coleta do tecido ovariano. Essa técnica envolve pequenas incisões no abdômen, através das quais instrumentos cirúrgicos e uma câmera são inseridos.
- Remoção do tecido ovariano: durante a laparoscopia, o cirurgião remove cuidadosamente fragmentos do ovário. Isso é feito de forma a minimizar o impacto na função ovariana restante. O tecido coletado contém folículos, que são as unidades básicas que abrigam os óvulos.
- Processamento do tecido: os fragmentos de tecido ovariano são, então, processados em laboratório. Eles são cortados em tiras finas para aumentar a área de superfície e otimizar a criopreservação. Esse processamento é realizado em condições estéreis para garantir a integridade e a viabilidade do tecido.
- Criopreservação: as tiras de tecido processadas são submetidas ao processo de criopreservação, que envolve o uso de crioprotetores para proteger as células durante o congelamento. O tecido é, então, congelado por meio da técnica de congelamento lento em nitrogênio líquido a temperaturas extremamente baixas (-196°C), garantindo a preservação a longo prazo dos folículos. O congelamento lento é a técnica preferencial para congelamento de tecido ovariano devido ao fato de ele ser constituído por vários tipos de células diferentes, cuja permeabilidade difere dos crioprotetores.
- Armazenamento: o tecido ovariano congelado é armazenado no nosso banco de criopreservação, em tanques de nitrogênio líquido monitorados continuamente para assegurar condições ótimas de preservação. O tecido pode ser armazenado por vários anos (ou seja, até que a paciente esteja pronta para utilizá-lo).
- Reimplante futuro: quando a paciente decide utilizar o tecido preservado, ele é descongelado com cuidado e reimplantado na pelve através de uma cirurgia laparoscópica ou em região heterotópica (implante em tecido subcutâneo). O objetivo do reimplante é restaurar a função ovariana, permitindo a produção de hormônios e a ovulação natural.
Esse processo detalhado garante que o congelamento de tecido ovariano seja realizado de forma segura e eficaz, proporcionando à paciente a melhor chance de preservar a sua fertilidade e a sua saúde reprodutiva para o futuro.
Situações oportunísticas
Em algumas situações, o tecido ovariano pode ser coletado durante procedimentos cirúrgicos programados, como cirurgias laparoscópicas ou partos cesáreas, oferecendo uma oportunidade conveniente para preservação da fertilidade sem a necessidade de uma intervenção adicional.
Situações não oportunísticas
Quando não há cirurgias programadas, o procedimento de remoção do tecido ovariano é agendado separadamente. Esta abordagem é utilizada principalmente em situações de emergência ou quando a preservação da fertilidade é uma prioridade antes de tratamentos médicos urgentes.
Jornada da paciente
Consultório
Avaliação inicial e planejamento do procedimento.
Procedimento
Coleta do tecido ovariano através de cirurgia minimamente invasiva.
ProFaM
Armazenamento seguro e monitoramento contínuo do tecido preservado.
Benefícios x Riscos
O congelamento do tecido ovariano oferece uma série de benefícios significativos. Primeiramente, o procedimento não requer nenhuma medicação prévia, o que simplifica o processo e reduz o desconforto para a paciente. Apenas uma visita à clínica é necessária para a remoção do tecido, após a consulta inicial, e o momento da remoção pode ser ajustado para se adequar à conveniência da paciente. Além disso, centenas ou até milhares de óvulos são preservados no tecido armazenado, proporcionando uma abundância de oportunidades para futuras tentativas de concepção.
Outro benefício crucial é que o tecido pode ser utilizado tanto para a preservação da fertilidade quanto para a preservação hormonal, ajudando a retardar a menopausa. Isso significa que um único procedimento pode oferecer benefícios duplos, preservando a capacidade reprodutiva e ajudando a gerenciar os sintomas da menopausa. Estudos mostram que cerca de 50% das pacientes que realizaram o congelamento do tecido ovariano para preservação da fertilidade conceberam naturalmente após o autoenxerto, o que reduz a necessidade de fertilização in vitro (FIV). Dessa forma, o procedimento oferece múltiplas oportunidades para conceber, aumentando significativamente as chances de sucesso reprodutivo.
No entanto, como qualquer procedimento médico, o congelamento do tecido ovariano também apresenta riscos. As complicações cirúrgicas, embora raras, podem incluir infecção e sangramento. Existe também a incerteza sobre a viabilidade a longo prazo do tecido preservado, além das possíveis complicações associadas à criopreservação e ao descongelamento do tecido. Adicionalmente, pode ser necessária uma cirurgia adicional para reimplantar o tecido ovariano, o que implica em mais uma intervenção cirúrgica.
Estudos indicam que a taxa de sucesso do procedimento depende de vários fatores, incluindo a idade da paciente e a técnica de congelamento utilizada. É essencial que as pacientes sejam bem informadas sobre esses benefícios e riscos para que possam tomar decisões fundamentadas sobre sua saúde reprodutiva.